A VIDA COMO MERCADORIA em “O PREÇO DA DESONRA” de Hiroshi Hirata.

 Fábio Melo*


Era costume no Japão pré-Meiji (antes de 1868) as “promissórias de vida”. Eram documentos selados com sangue nos campos de batalha, no qual um guerreiro se comprometia a pagar um determinado valor em troca de deixá-lo vivo. Tempos depois, quem quisesse resgatar o valor selado na promissória podia contratar os serviços de um "tomador de promissórias" (no original kubidai hikiukenin). O devedor ou paga ou tem a cabeça cortada! 

É nesta época de guerras e busca de honra que se passam as histórias de "O Preço da Desonra" de Hiroshi Hirata. A obra é um jidaigeki, um gênero de drama histórico que se passa na era anterior a Revolução Meiji (1868). Assim, os personagens são samurais, camponeses, comerciantes, nobres senhores de terra. 


Para um samurai, a honra é um valor inegociável. Até mesmo o suicídio é uma forma honrada de morrer. Mas aqueles que fazem suas promissórias tentam, às vezes, ludibriar o tomador de promissórias. Há honra na enganação? Colocar um preço na própria vida é honroso? 


A obra de Hirata é dividida em seis capítulos, cada um conta a história de uma promissória que o Kubidai Hikiukenin precisa resgatar. 


Na guerra, vida e honra viram mercadorias. Uma das grandes lições de O Preço da Desonra é que não há honra nenhuma na guerra.



Título: O Preço da Desonra (Kubidai Hikiukenin)

Autor: Hiroshi Hirata

Editora: Pipoca & Nanquim

Ano: 2019






* Fábio Melo é Historiador. Membro fundador e permanente do Grupo de Estudos Americanista Cipriano Barata (GEACB: http://geaciprianobarata.blogspot.com/)

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